... e no meio do caminho tinha um goleador de nome Edu. Fiz minha primeira incursão no futebol de mesa em Mato Grosso do Sul, com meu time de toque-toque do Olympique-FRA. A convite do Roberto Giolo, da Embrapa Gado de Corte, fiz amistosos com o pessoal da Sobotons. Seria também minha primeira experiência com um dadinho como bola em vez da tradicional pastilha.
O primeiro confronto do dia foi Ipatinga-MG x Olympique-FRA, entre Marlene e eu, jogo livre e sem marcação de tempo. No começo, meus chutes a gol saíam fracos e sem rumo, mas durante a partida fui me habituando aos poucos. A Marlene ofereceu um ótimo desafio e por várias vezes ameaçou a meta marselhesa. Meus atacantes carimbaram a trave três vezes, e no último instante da partida o dadinho entrou! Aquela vitória era um bom auspício para a delegação francesa em solo pantaneiro.
Mas no meio do caminho tinha um time, e esse time se chamava Associação Atlética Almeidense. A idade que o time tem de existência, eu tenho de vida. O camisa 9, um tal de Edu, já tem mais de 1500 gols na conta. Tanto o técnico Roberto Giolo como eu estávamos ansiosos por aquele "confronto de gerações" e de botões tão distintos entre si.
Os puxadores do toque-toque são, na média, menores em diâmetro porém mais altos do que os carioquinhas do Almeidense. À exceção dos beques que se equivaliam.
Como cresci acostumado a disputar jogos em campos menores (Estrelão, Xalingo), atuar em uma quadra maior requeria uma tática diferente. Mas não consegui, num primeiro momento, abandonar o hábito de arrematar a gol logo após cruzar a linha do meio de campo. Meus chutes passavam próximo da meta mas não entravam.
O Almeidense desenhou um esquema de jogo pontiagudo, em que todas as principais jogadas de ataque concentravam-se no Edu, que ficava ciscando em frente à grande área. Ele estufou a rede uma vez, e o Giolo ganhou aquela partida por 3 a 0.
Avaliei ao término do jogo que o placar não refletia o que ocorreu em campo, com boas chances de gol para ambos os lados. Eu quis deixar minha marca mas meus atacantes não se mostraram precisos o suficiente para atirar o dadinho no gol. Também eu estava com a "mão pesada", afinal fazia mais de 10 anos que eu não jogava futebol de mesa.
Roberto Giolo então propôs que mudássemos de regra, momento em que sugeri o toque-toque. Ainda que a quadra não fosse a mais adequada, o desafio foi aceito. O toque-toque tem algumas variantes na regra que se justificam pela menor dimensão do campo. Um exemplo é o "cava ou tira", em que o jogador com a posse de bola desafia o outro a dividir a jogada (cavando assim um lateral ou escanteio a seu favor) ou então remover o botão do caminho. Se o campo é mais amplo, são raras as oportunidades dessa bola prensada.
Outra variante é a "bola na mão", quando a pastilha fica sobre ou sob o atleta. Como o carioquinha é muito fino, a pastilha ou o dadinho sobem facilmente sobre ele. Tem também a possibilidade de virar a bolinha com a mão antes do chute, caso ela esteja com a face lisa voltada para baixo (se estiver assim, ela não ganhará altura ao ser chutada).
Pastilha em campo e aparece outro problema. Aliás, "aparece" é força de expressão... a bolinha perolada quase sumiu na quadra cor de madeira! Difícil de enxergar... parecia jogo noturno no Morenão.
Os botões do Almeidense mostraram superioridade técnica, e o time contou com a qualidade de seu treinador para fazer 2 a 0, fácil. Entrei para o livro de estatísticas do Giolo... dois jogos, duas derrotas. Mas valeu a diversão!
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