O presidente da Fefumems, Hélder Rafael, concedeu entrevista ao site Esporte Ágil, veículo especializado que acompanha o esporte sul-mato-grossense há mais de duas décadas.
Entre os assuntos abordados, estão os desafios para a popularização do esporte, as parcerias firmadas e a visão de futuro do futebol de mesa no Estado.
Confira a entrevista na íntegra:
Surgida do ‘inconformismo’, Fefumems impulsiona futebol de mesa em Mato Grosso do Sul
O futebol de mesa tem conquistado cada vez mais adeptos em Mato Grosso do Sul, mas sua começou a caminhar no Estado a partir de um sentimento específico: o inconformismo. “Em 2011, não havia nenhum local aberto ao público para a prática de futebol de mesa. O que existia era um grupo de amigos e colegas de trabalho que jogavam botão na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande”, relembra Hélder Rafael, presidente da Federação de Futebol de Mesa de Mato Grosso do Sul (Fefumems). Foi a partir dessa inquietação que surgiu a iniciativa de estruturar e formalizar o esporte no estado. “Começamos a buscar novos adeptos e nos aproximamos do pessoal da Embrapa com a ideia de tornar permanente a prática desse esporte no Estado. A ideia amadureceu, e em 2012 foi fundada a federação, da qual tive a honra de ser o primeiro presidente”.
Desde então, o objetivo da entidade tem sido claro: “difundir o futebol de mesa no Estado e fortalecer atletas e clubes para que representem Mato Grosso do Sul com grandeza em competições regionais e nacionais”. Para isso, a federação organiza diversos campeonatos, incluindo a Liga Pantaneira de Dadinho, que já está em sua 14ª edição, e o Torneio Aryzão de 12 Toques, uma homenagem a Ary Novaes, um dos fundadores da federação e grande entusiasta do esporte, falecido em 2015.
O futebol de mesa, conhecido popularmente como jogo de botão, já viveu momentos de grande popularidade no Brasil, principalmente entre as décadas de 1970 e 1990. Esse histórico gera um fenômeno curioso entre os praticantes. “Quem viveu esse período e é ‘jovem há mais tempo’ relembra o jogo de botão com saudosismo. Muitos acabam voltando a praticar em alto nível”, explica Hélder.
Mas não são apenas os mais velhos que se interessam pelo esporte. “As crianças e adolescentes de hoje muitas vezes apenas ouviram falar do esporte, através dos pais, tios ou avós. Mesmo assim, quando começam a jogar botão, se encantam”. Como resultado, a modalidade tem visto um crescimento constante. “O número de praticantes tem aumentado ano a ano. Em nossas estatísticas, já catalogamos a participação de quase 100 atletas nos torneios oficiais desde 2012”.
Apesar do crescimento, desafios ainda existem, especialmente quando se trata de expandir o futebol de mesa para além da Capital. “Levar o esporte para o interior do Estado e despertar o interesse de crianças e adolescentes têm sido nossos principais desafios”, pontua Hélder.
Para isso, a Federação tem promovido demonstrações em escolas, o que tem se mostrado eficaz. “A recepção tem sido bastante favorável, tanto dos professores como dos alunos”. Um avanço importante foi a inauguração de um polo permanente em Dourados, fruto de uma parceria com a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). “Temos conversas abertas para levar o esporte a Corumbá, Sidrolândia, Amambai e Ribas do Rio Pardo”, acrescenta.
Para concretizar essas iniciativas, o apoio institucional tem sido fundamental. “Temos conquistado o apoio da Fundesporte para enviar atletas às competições de nível nacional”. Além disso, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, através da 4ª Promotoria de Justiça de Dourados, tem contribuído fornecendo materiais de jogo para a implantação do esporte em escolas e instituições públicas de ensino da cidade. “O promotor de justiça João Linhares é um apoiador de primeira hora da federação”, destaca Hélder. A parceria com o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) também tem sido valiosa. “Desde 2024 abre suas portas para realizarmos oficinas de futebol de mesa aos alunos do ensino médio técnico”.
Os esforços já começam a render frutos, com atletas sul-mato-grossenses se destacando no cenário nacional. “Temos dois atletas do clube Sobotoms que estão entre os melhores do país na regra Dadinho, modalidade individual. Marcus Ohya é o 26º colocado no ranking nacional, e Roberto Giolo, o 103º colocado”. No ano passado, Marcus conquistou o vice-campeonato da Série Ouro do Torneio Centro-Oeste de Dadinho, realizado em Campo Grande. Já na modalidade por equipes, em 2024 o clube Sobotoms conseguiu um feito expressivo: foi vice-campeão brasileiro da Série C do Campeonato Brasileiro, torneio que reuniu os principais clubes de futebol de mesa do país no Distrito Federal.
Para os que desejam ingressar no esporte, Hélder explica que existem quatro regras oficiais no Brasil: 1 Toque, 3 Toques, 12 Toques e Dadinho. “Aqui no Estado, promovemos campeonatos em duas regras: Dadinho e 12 Toques. Costumamos dizer que a regra Dadinho é mais fácil de aprender, enquanto que a regra 12 Toques exige mais habilidade técnica do praticante”. No entanto, ele tranquiliza os iniciantes. “Aqueles que querem começar a jogar ou já conhecem o mínimo de regras, mesmo que sejam informais – ou ‘regras de rua’ -, terão facilidade em aprender qualquer uma das regras oficiais”.
Em Campo Grande, há um espaço fixo para a prática do esporte. “Estamos no Shopping Bosque dos Ipês, 2º piso, em frente ao cinema. Abrimos aos sábados a partir das 15 horas. Não precisa pagar nada, é só chegar e jogar. Quem não tiver botões, nós emprestamos na hora. Também ensinamos as regras básicas do jogo”. Para quem busca mais informações sobre locais de prática, a Federação disponibiliza um guia em seu site oficial.
A programação da Federação para 2025 já está definida, com eventos acontecendo ao longo do ano. Entre as novidades, estão dois torneios importantes. “Teremos a 1ª edição do Torneio Aberto de Dourados, no dia 31 de maio, e o Campeonato Estadual de Equipes de Dadinho, no dia 7 de junho, no Shopping Bosque dos Ipês, em Campo Grande”.
Olhando para o futuro, a meta da Federação é consolidar o futebol de mesa em todas as regiões do estado e formar novas gerações de praticantes. “Trabalhamos todos os dias para que esse esporte se torne cada vez mais popular e alcance todas as regiões do Estado. Queremos formar as próximas gerações de praticantes e apaixonados por futebol de mesa para que eles possam dar continuidade ao trabalho que tem sido desenvolvido desde 2012”. Para Hélder Rafael, o esforço é essencial para garantir a continuidade da modalidade. “Se não abraçarmos a causa, o futebol de mesa cairá no esquecimento”.