Categoria: escudinhos

Futebol de mesa, deu na Globo!

O Globo Esporte local, exibido pela TV Morena, veiculou na edição de quinta-feira (11) uma reportagem sobre a prática do futebol de mesa em Mato Grosso do Sul. Apesar de pouco difundido no estado, o botonismo já reúne mais de 30 praticantes na Embrapa Gado de Corte. A reportagem do meu colega e amigo Alexandre Cabral tem até narração dos lances pelo Marcos Antônio Silvestre, confira!

Apesar de pouco difundido, futebol de mesa reúne praticantes em MS

A chapa está esquentando…

A notícia de que existe uma associação de botonistas em Campo Grande começa a despertar a atenção daqueles jogadores que antes não tinham com quem jogar. Começo a receber vários contatos e informações de pessoas interessadas em conhecer ou aderir à Sobotoms, e acredito que a modalidade irá rapidamente se difundir pela cidade.

Fique ligado no blog Futebol de Mesa em MS para acompanhar a evolução desse esporte em terras pantaneiras!

Tinha um Almeidense no meio do caminho…

… e no meio do caminho tinha um goleador de nome Edu. Fiz minha primeira incursão no futebol de mesa em Mato Grosso do Sul, com meu time de toque-toque do Olympique-FRA. A convite do Roberto Giolo, da Embrapa Gado de Corte, fiz amistosos com o pessoal da Sobotons. Seria também minha primeira experiência com um dadinho como bola em vez da tradicional pastilha.

O primeiro confronto do dia foi Ipatinga-MG x Olympique-FRA, entre Marlene e eu, jogo livre e sem marcação de tempo. No começo, meus chutes a gol saíam fracos e sem rumo, mas durante a partida fui me habituando aos poucos. A Marlene ofereceu um ótimo desafio e por várias vezes ameaçou a meta marselhesa. Meus atacantes carimbaram a trave três vezes, e no último instante da partida o dadinho entrou! Aquela vitória era um bom auspício para a delegação francesa em solo pantaneiro.

Mas no meio do caminho tinha um time, e esse time se chamava Associação Atlética Almeidense. A idade que o time tem de existência, eu tenho de vida. O camisa 9, um tal de Edu, já tem mais de 1500 gols na conta. Tanto o técnico Roberto Giolo como eu estávamos ansiosos por aquele “confronto de gerações” e de botões tão distintos entre si.

Os puxadores do toque-toque são, na média, menores em diâmetro porém mais altos do que os carioquinhas do Almeidense. À exceção dos beques que se equivaliam.

Como cresci acostumado a disputar jogos em campos menores (Estrelão, Xalingo), atuar em uma quadra maior requeria uma tática diferente. Mas não consegui, num primeiro momento, abandonar o hábito de arrematar a gol logo após cruzar a linha do meio de campo. Meus chutes passavam próximo da meta mas não entravam.

O Almeidense desenhou um esquema de jogo pontiagudo, em que todas as principais jogadas de ataque concentravam-se no Edu, que ficava ciscando em frente à grande área. Ele estufou a rede uma vez, e o Giolo ganhou aquela partida por 3 a 0.

Avaliei ao término do jogo que o placar não refletia o que ocorreu em campo, com boas chances de gol para ambos os lados. Eu quis deixar minha marca mas meus atacantes não se mostraram precisos o suficiente para atirar o dadinho no gol. Também eu estava com a “mão pesada”, afinal fazia mais de 10 anos que eu não jogava futebol de mesa.

Roberto Giolo então propôs que mudássemos de regra, momento em que sugeri o toque-toque. Ainda que a quadra não fosse a mais adequada, o desafio foi aceito. O toque-toque tem algumas variantes na regra que se justificam pela menor dimensão do campo. Um exemplo é o “cava ou tira”, em que o jogador com a posse de bola desafia o outro a dividir a jogada (cavando assim um lateral ou escanteio a seu favor) ou então remover o botão do caminho. Se o campo é mais amplo, são raras as oportunidades dessa bola prensada.

Outra variante é a “bola na mão”, quando a pastilha fica sobre ou sob o atleta. Como o carioquinha é muito fino, a pastilha ou o dadinho sobem facilmente sobre ele. Tem também a possibilidade de virar a bolinha com a mão antes do chute, caso ela esteja com a face lisa voltada para baixo (se estiver assim, ela não ganhará altura ao ser chutada).

Pastilha em campo e aparece outro problema. Aliás, “aparece” é força de expressão… a bolinha perolada quase sumiu na quadra cor de madeira! Difícil de enxergar… parecia jogo noturno no Morenão.

Os botões do Almeidense mostraram superioridade técnica, e o time contou com a qualidade de  seu treinador para fazer 2 a 0, fácil. Entrei para o livro de estatísticas do Giolo… dois jogos, duas derrotas. Mas valeu a diversão!

Futebol de mesa em MS existe, sim!

Encontrei um grupo de quase 30 botonistas em Campo Grande, a maioria deles pesquisadores na Embrapa Gado de Corte. O pessoal joga na regra dadinho e sempre após o expediente, na própria sede da Embrapa, onde há boa infraestrutura e duas quadras em medidas oficiais.

Fui conferir a jogatina e o povo é bastante entusiasmado com o botonismo. Tanto que a febre contagiou até a pesquisadora Marlene, que defende as cores do Ipatinga-MG. O Davi está organizando uma associação sem fins lucrativos, a Sobotoms, para difundir o esporte em MS e também organizar campeonatos oficiais. A iniciativa é excelente e tem tudo para dar resultados positivos.

Meu time ideal

Galera, há pelo menos 10 anos não jogo botão pra valer, mas ainda mantenho meus times bem guardados. Os botões da regra gaúcha, os tenho em uma maleta especialmente feita para eles. Já os puxadores convivem sem problemas em um saquinho de pano. São quatro times ao todo, dois na modalidade um-toque e dois no toque-toque.

O toque-toque ocupou boa parte da minha infância. Eu me reunia com os amigos da rua no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre-RS, para disputar campeonatos no fim de semana. Se as mães implicavam com a algazarra na sala de casa, íamos com a mesa “Estrelão” ou “Xalingão” para a calçada mesmo. E lá fazíamos nossos torneios a sério.

O time que aparece na foto foi formado por mim entre 1995 e 1996, época em que o Botafogo de Túlio Maravilha mandou no futebol brasileiro. Em homenagem ao craque, batizei meu centroavante.

Aliás, note a disposição dos botões: é como devem ser distribuídos no campo de defesa. Uma linha de cinco jogadores rente à linha de meio-campo, e na zaga dois laterais, um volante e uma dupla de zaga, que fica junto ao goleiro para dificultar as bolas alçadas nos cantos.

Também nessa época o Grêmio Foot-ball Porto-Alegrense mandava na América, o que importou na minha dupla de zaga: Adilson e Rivarola. O camisa 8 era o Luis Carlos Goiano, e o camisa 6, Roger. Tem ainda o botão de cores do Brasil, apelidado obviamente de Brasileirinho, mas do resto não me recordo o nome.

O time está com o escudo do Olympique de Marselha, mas só para não ficar sem distintivo mesmo. Abaixo segue um jogo de camisas do Botafogo-95 que encontrei no blog Mundo Botafogo.

Regras, qual seguir?

Não sou profundo conhecedor de todas as modalidades do botonismo, já que em cada estado há uma variante. Como aprendi a jogar no Rio Grande do Sul, aprendi primeiramente o toque-toque, partindo depois para o um-toque ou regra gaúcha.

O toque-toque é jogado em tabuleiros de menor dimensão e com os botões “puxadores”. Na minha opinião, é a regra ideal para quem quer conhecer o esporte, pois as regras são menos rigorosas do que nos outros padrões de jogo.

Pode-se conduzir a bola indefinidamente até que se erre o passe ou erre o toque do jogador na bola, evidentemente. É mais dinâmico e com maiores possibilidades de chute a gol. Dá pra balançar legal o filó!

Já na regra gaúcha ou um-toque, como o nome pressupõe, o jogador toca a bola, e se tabelar com um botão companheiro, pode dar mais um toque. Aí passa a vez. O legal dessa regra, disputada em mesas maiores, é que o jogo fica mais técnico e menos corrido.

Como você não pode dar vários toques (ou fazer vários passes) para subir o ataque, torna-se fundamental construir a jogada para deixar o atacante em condições de arremate. Aliás, chute a gol não é fácil por causa da distância em relação à meta. A precisão cai bastante. Apesar de exigentes, esses fatores deixam a dinâmica da partida bem mais interessante e complexa.

No mais, as regras do botonismo têm quase os mesmos componentes do futebol de campo: impedimento, bola na mão (sim, na mão do botão!), falta técnica, escanteio etc.

Quer conhecer a fundo a regra gaúcha? Vá direto à página da Liga Gaúcha.

Botonismo é um esporte caro?

Amigos do blog, para que o botonismo se desenvolva como esporte em Mato Grosso do Sul, é preciso que haja uma mínima estrutura para receber praticantes e curiosos. Mas isso não se traduz em despesas altíssimas, não. É muito barato jogar futebol de mesa, acreditem.

A começar pela montagem do time. Na loja Bazar Mimo, em Porto Alegre-RS, um time completo e simples da regra gaúcha (com goleiro, 10 botões, bolinha, palheta e goleira) custa R$ 16,00. Os botões torneados (com melhor acabamento) saem R$ 30,00 a dezena. Já o botão de acrílico comum, o “puxador”, sai por R$ 1 a unidade.

Acessórios em geral são super baratos, como cartela de distintivos a R$ 2,00, traves oficiais a R$ 20,00 o par, e goleiros da regra gaúcha a R$ 5,00. Cores e modelos a escolher.

As mesas são reforçadas e feitas em material de qualidade. São os itens mais caros, porém, de grande durabilidade. Uma mesa oficial da regra gaúcha tem 1,8 metro de comprimento por 1,4 metro de largura e sai por R$ 320 na Bazar Mimo. A semi-oficial, um pouco menor, custa R$ 220. A pequena, R$ 120. A infantil (89 x 63 cm), conhecida como Estrelão, vale R$ 25.

Dá para montar um time de puxadores por R$ 15,00, comprar uma mesa infantil de R$ 25, mais alguns acessórios…  com R$ 50 fecha a conta para dois jogadores. Mas como o esporte é realmente apaixonante, quem começar no Estrelão vai querer migrar para as regras oficiais.

Links bacanas

A foto aí em cima é de meu time de “puxadores” (pelo menos é assim que a criançada chamava esse tipo de botão de acrílico, intermediário entre os “panelinhas” de plástico mole e os “torneados” e “perolados” da regra gaúcha). Note que o goleiro é bem mais largo do que o que aparece à esquerda e também no post anterior. E ele joga em pé, enquanto o outro joga deitado. (Darei detalhes das regras em outro post)

Para quem nunca ouviu falar sobre botonismo e quer conhecer mais sobre o assunto, deixo como sugestão alguns links interessantes.

  • Bazar Mimo – loja em Porto Alegre/RS que considero a Meca do futebol de mesa. Existe há 30 anos no centro da cidade e tem de tudo sobre o esporte. Também oferece mesas para quem quiser tirar uma partida amistosa. Ah, aceita encomendas.
  • Fábrica de mesas Futmesagol – fábrica em São Paulo que produz quadras para as regras gaúcha, paulista e carioca. 
  • Liga Gaúcha – além de ser a página com as notícias dos afiliados e das competições, traz um artigo bacana contando a história do botonismo no país, que surgiu em 1930. Vale a pena conferir.
  • Futebol de Mesa News – site especializado em notícias do botonismo. Dá para perceber pelas notícias como o esporte envolve o pessoal em todo o país para as competições.
  • Blog Escudinhos – não podia deixar faltar um comentário sobre essas mentes criativas que enriquecem o botonismo. E o mais legal é que dá para fazer o download das artes e imprimir por conta própria!