Categoria: distintivo

Contra o Vasco, duelos duríssimos

A busca por praticantes de futebol de mesa em Mato Grosso do Sul começa a superar as expectativas e a render bons frutos. Prova disso é o contato feito pelo botonista Ricardo Velloso, carioca radicado em Campo Grande. Marcamos uma tarde para apresentações e amistosos entre o seu Clube de Regatas Vasco da Gama e a minha legião estrangeira.

Velloso, que é jogador da regra dadinho, me venceu em todas as cinco partidas que disputamos. Mas em três delas, vendi caro o resultado e tive chances claras de alcançar o empate ou mesmo sair vitorioso. A série ficou em 2-1; 1-0; 1-0; 1-0; e 3-0.

Na primeira partida, entrei em quadra com a delegação de toque-toque do Olympique. Logo percebi que são impróprios para jogar naquela dimensão de campo. A derrota anunciada acabou se confirmando. Em seguida convoquei os botões de um toque, usados na regra gaúcha. Um combinado de vascaínos (sim, meus!) e alemães da seleção nacional.

Comparativamente aos cruzmaltinos do Velloso, meus jogadores são mais altos e com dimensões uniformes, mas isso não se constituiu em vantagem técnica dentro das quatro linhas. Ganhei precisão nos arremates em relação aos botões de toque-toque, só que a mão destreinada não correspondia. Teve muita bola na trave, bola resvalando a mão do goleiro, mas estufar a rede que era bom, nada. Além do mais, meu modo de jogo ainda estava muito preso ao meio de campo, e mal explorava os avanços à intermediária.

Chamou-me a atenção a qualidade técnica do Velloso na armação de jogadas pela meia cancha. Procura arrematar a gol assim que clareava um lance. Quando se aproxima da grande área, usa um atacante encarniçado que tem ótimo controle do dadinho e é preciso no arremate. O aproveitamento do vascaíno no ataque foi altíssimo: em todas as cinco partidas disputadas, levei gol no primeiro tempo.

Fizemos também uma partida curta na regra gaúcha. Venci por 2-0. Mesmo reconhecendo que meu adversário é dúzias de vezes mais experiente e habilidoso do que eu, saí gratificado por ter aprendido um pouco mais. O próximo passo será adquirir um time dessa regra e me acostumar com os botões, porque talvez os de um toque não tenham vida longa com o dadinho.

Futebol de mesa, deu na Globo!

O Globo Esporte local, exibido pela TV Morena, veiculou na edição de quinta-feira (11) uma reportagem sobre a prática do futebol de mesa em Mato Grosso do Sul. Apesar de pouco difundido no estado, o botonismo já reúne mais de 30 praticantes na Embrapa Gado de Corte. A reportagem do meu colega e amigo Alexandre Cabral tem até narração dos lances pelo Marcos Antônio Silvestre, confira!

Apesar de pouco difundido, futebol de mesa reúne praticantes em MS

A chapa está esquentando…

A notícia de que existe uma associação de botonistas em Campo Grande começa a despertar a atenção daqueles jogadores que antes não tinham com quem jogar. Começo a receber vários contatos e informações de pessoas interessadas em conhecer ou aderir à Sobotoms, e acredito que a modalidade irá rapidamente se difundir pela cidade.

Fique ligado no blog Futebol de Mesa em MS para acompanhar a evolução desse esporte em terras pantaneiras!

Tinha um Almeidense no meio do caminho…

… e no meio do caminho tinha um goleador de nome Edu. Fiz minha primeira incursão no futebol de mesa em Mato Grosso do Sul, com meu time de toque-toque do Olympique-FRA. A convite do Roberto Giolo, da Embrapa Gado de Corte, fiz amistosos com o pessoal da Sobotons. Seria também minha primeira experiência com um dadinho como bola em vez da tradicional pastilha.

O primeiro confronto do dia foi Ipatinga-MG x Olympique-FRA, entre Marlene e eu, jogo livre e sem marcação de tempo. No começo, meus chutes a gol saíam fracos e sem rumo, mas durante a partida fui me habituando aos poucos. A Marlene ofereceu um ótimo desafio e por várias vezes ameaçou a meta marselhesa. Meus atacantes carimbaram a trave três vezes, e no último instante da partida o dadinho entrou! Aquela vitória era um bom auspício para a delegação francesa em solo pantaneiro.

Mas no meio do caminho tinha um time, e esse time se chamava Associação Atlética Almeidense. A idade que o time tem de existência, eu tenho de vida. O camisa 9, um tal de Edu, já tem mais de 1500 gols na conta. Tanto o técnico Roberto Giolo como eu estávamos ansiosos por aquele “confronto de gerações” e de botões tão distintos entre si.

Os puxadores do toque-toque são, na média, menores em diâmetro porém mais altos do que os carioquinhas do Almeidense. À exceção dos beques que se equivaliam.

Como cresci acostumado a disputar jogos em campos menores (Estrelão, Xalingo), atuar em uma quadra maior requeria uma tática diferente. Mas não consegui, num primeiro momento, abandonar o hábito de arrematar a gol logo após cruzar a linha do meio de campo. Meus chutes passavam próximo da meta mas não entravam.

O Almeidense desenhou um esquema de jogo pontiagudo, em que todas as principais jogadas de ataque concentravam-se no Edu, que ficava ciscando em frente à grande área. Ele estufou a rede uma vez, e o Giolo ganhou aquela partida por 3 a 0.

Avaliei ao término do jogo que o placar não refletia o que ocorreu em campo, com boas chances de gol para ambos os lados. Eu quis deixar minha marca mas meus atacantes não se mostraram precisos o suficiente para atirar o dadinho no gol. Também eu estava com a “mão pesada”, afinal fazia mais de 10 anos que eu não jogava futebol de mesa.

Roberto Giolo então propôs que mudássemos de regra, momento em que sugeri o toque-toque. Ainda que a quadra não fosse a mais adequada, o desafio foi aceito. O toque-toque tem algumas variantes na regra que se justificam pela menor dimensão do campo. Um exemplo é o “cava ou tira”, em que o jogador com a posse de bola desafia o outro a dividir a jogada (cavando assim um lateral ou escanteio a seu favor) ou então remover o botão do caminho. Se o campo é mais amplo, são raras as oportunidades dessa bola prensada.

Outra variante é a “bola na mão”, quando a pastilha fica sobre ou sob o atleta. Como o carioquinha é muito fino, a pastilha ou o dadinho sobem facilmente sobre ele. Tem também a possibilidade de virar a bolinha com a mão antes do chute, caso ela esteja com a face lisa voltada para baixo (se estiver assim, ela não ganhará altura ao ser chutada).

Pastilha em campo e aparece outro problema. Aliás, “aparece” é força de expressão… a bolinha perolada quase sumiu na quadra cor de madeira! Difícil de enxergar… parecia jogo noturno no Morenão.

Os botões do Almeidense mostraram superioridade técnica, e o time contou com a qualidade de  seu treinador para fazer 2 a 0, fácil. Entrei para o livro de estatísticas do Giolo… dois jogos, duas derrotas. Mas valeu a diversão!

Futebol de mesa em MS existe, sim!

Encontrei um grupo de quase 30 botonistas em Campo Grande, a maioria deles pesquisadores na Embrapa Gado de Corte. O pessoal joga na regra dadinho e sempre após o expediente, na própria sede da Embrapa, onde há boa infraestrutura e duas quadras em medidas oficiais.

Fui conferir a jogatina e o povo é bastante entusiasmado com o botonismo. Tanto que a febre contagiou até a pesquisadora Marlene, que defende as cores do Ipatinga-MG. O Davi está organizando uma associação sem fins lucrativos, a Sobotoms, para difundir o esporte em MS e também organizar campeonatos oficiais. A iniciativa é excelente e tem tudo para dar resultados positivos.

Meu time ideal

Galera, há pelo menos 10 anos não jogo botão pra valer, mas ainda mantenho meus times bem guardados. Os botões da regra gaúcha, os tenho em uma maleta especialmente feita para eles. Já os puxadores convivem sem problemas em um saquinho de pano. São quatro times ao todo, dois na modalidade um-toque e dois no toque-toque.

O toque-toque ocupou boa parte da minha infância. Eu me reunia com os amigos da rua no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre-RS, para disputar campeonatos no fim de semana. Se as mães implicavam com a algazarra na sala de casa, íamos com a mesa “Estrelão” ou “Xalingão” para a calçada mesmo. E lá fazíamos nossos torneios a sério.

O time que aparece na foto foi formado por mim entre 1995 e 1996, época em que o Botafogo de Túlio Maravilha mandou no futebol brasileiro. Em homenagem ao craque, batizei meu centroavante.

Aliás, note a disposição dos botões: é como devem ser distribuídos no campo de defesa. Uma linha de cinco jogadores rente à linha de meio-campo, e na zaga dois laterais, um volante e uma dupla de zaga, que fica junto ao goleiro para dificultar as bolas alçadas nos cantos.

Também nessa época o Grêmio Foot-ball Porto-Alegrense mandava na América, o que importou na minha dupla de zaga: Adilson e Rivarola. O camisa 8 era o Luis Carlos Goiano, e o camisa 6, Roger. Tem ainda o botão de cores do Brasil, apelidado obviamente de Brasileirinho, mas do resto não me recordo o nome.

O time está com o escudo do Olympique de Marselha, mas só para não ficar sem distintivo mesmo. Abaixo segue um jogo de camisas do Botafogo-95 que encontrei no blog Mundo Botafogo.

Regras, qual seguir?

Não sou profundo conhecedor de todas as modalidades do botonismo, já que em cada estado há uma variante. Como aprendi a jogar no Rio Grande do Sul, aprendi primeiramente o toque-toque, partindo depois para o um-toque ou regra gaúcha.

O toque-toque é jogado em tabuleiros de menor dimensão e com os botões “puxadores”. Na minha opinião, é a regra ideal para quem quer conhecer o esporte, pois as regras são menos rigorosas do que nos outros padrões de jogo.

Pode-se conduzir a bola indefinidamente até que se erre o passe ou erre o toque do jogador na bola, evidentemente. É mais dinâmico e com maiores possibilidades de chute a gol. Dá pra balançar legal o filó!

Já na regra gaúcha ou um-toque, como o nome pressupõe, o jogador toca a bola, e se tabelar com um botão companheiro, pode dar mais um toque. Aí passa a vez. O legal dessa regra, disputada em mesas maiores, é que o jogo fica mais técnico e menos corrido.

Como você não pode dar vários toques (ou fazer vários passes) para subir o ataque, torna-se fundamental construir a jogada para deixar o atacante em condições de arremate. Aliás, chute a gol não é fácil por causa da distância em relação à meta. A precisão cai bastante. Apesar de exigentes, esses fatores deixam a dinâmica da partida bem mais interessante e complexa.

No mais, as regras do botonismo têm quase os mesmos componentes do futebol de campo: impedimento, bola na mão (sim, na mão do botão!), falta técnica, escanteio etc.

Quer conhecer a fundo a regra gaúcha? Vá direto à página da Liga Gaúcha.

Botonismo é um esporte caro?

Amigos do blog, para que o botonismo se desenvolva como esporte em Mato Grosso do Sul, é preciso que haja uma mínima estrutura para receber praticantes e curiosos. Mas isso não se traduz em despesas altíssimas, não. É muito barato jogar futebol de mesa, acreditem.

A começar pela montagem do time. Na loja Bazar Mimo, em Porto Alegre-RS, um time completo e simples da regra gaúcha (com goleiro, 10 botões, bolinha, palheta e goleira) custa R$ 16,00. Os botões torneados (com melhor acabamento) saem R$ 30,00 a dezena. Já o botão de acrílico comum, o “puxador”, sai por R$ 1 a unidade.

Acessórios em geral são super baratos, como cartela de distintivos a R$ 2,00, traves oficiais a R$ 20,00 o par, e goleiros da regra gaúcha a R$ 5,00. Cores e modelos a escolher.

As mesas são reforçadas e feitas em material de qualidade. São os itens mais caros, porém, de grande durabilidade. Uma mesa oficial da regra gaúcha tem 1,8 metro de comprimento por 1,4 metro de largura e sai por R$ 320 na Bazar Mimo. A semi-oficial, um pouco menor, custa R$ 220. A pequena, R$ 120. A infantil (89 x 63 cm), conhecida como Estrelão, vale R$ 25.

Dá para montar um time de puxadores por R$ 15,00, comprar uma mesa infantil de R$ 25, mais alguns acessórios…  com R$ 50 fecha a conta para dois jogadores. Mas como o esporte é realmente apaixonante, quem começar no Estrelão vai querer migrar para as regras oficiais.