Sete temporadas, sete títulos conquistados. Enfileirar canecos parece algo fácil para Roberto Giolo, que fechou mais uma temporada como soberano na regra 12 Toques. Só que o roteiro de 2019 foi bem diferente do habitual. Em vez de disparar na dianteira e administrar a vantagem ao longo do ano, Giolo foi perseguido ponto a ponto no ranking por seus adversários – todos dispostos a destronar o veterano botonista. O heptacampeonato só veio após a última rodada da última etapa!
Veja como foi em detalhes essa suada conquista:
– Cara, acho que dessa vez não vai dar pra mim…
Entre frustrado e resignado, Roberto confidenciou aos colegas de trabalho o que esperava da última etapa do Aryzão, tão logo desembarcasse em Campo Grande após uma semana cheia de compromissos. O cansaço acumulado e a longa viagem de avião para ir direto ao torneio pareciam tirá-lo do jogo antes mesmo de a bola rolar. Tinha ainda a fome de gols do Cláudio Júnior, o “cruel”, na briga pelo título da temporada. “Cruel” estava invicto havia cinco partidas diante do Roberto. Ambos estavam separados por apenas um ponto no ranking.
E outra: “retrospecto não ganha jogo”, é claro. Se Roberto e Cláudio Júnior chegaram ao fim da temporada como os melhores, teriam de provar isso mais uma vez, no ato final do espetáculo. Isso significava bater adversários em grande fase, como Léo Anache e Willian Izaias. A turma toda cresceu tecnicamente na regra 12 Toques em 2019.
O campeonato teve início, e no sistema de pontos corridos quis o destino que Roberto e Cláudio Júnior se enfrentassem exatamente na rodada derradeira. O “Cruel” abriu três pontos de vantagem sobre o rival antes do duelo decisivo. Roberto teria de vencer para terminar à frente na classificação. Vitória simples bastava, pois era dono de melhor saldo.
Desacreditado, Roberto entrou em campo para gastar o tempo e perder de poucos gols. Mas ele não contava com o nervosismo apresentado pelo Cláudio Júnior. Muitos gols foram perdidos na cara do goleiro. No final do primeiro tempo, Roberto balançou o filó com uma bolinha salvadora: 1 a 0.
Na volta do intervalo, o “Cruel” teve a saída e errou o bote. A tensão crescia. Roberto retardava ainda mais as jogadas para manter a vantagem, até que o improvável aconteceu: Cláudio Júnior chutou a gol e, no rebote do goleiro, a bolinha rolou direto para o canto da sua própria meta: 2 a 0. A partida seguiu, e em um contra-ataque o Roberto marcou o terceiro, por cobertura. Restou ao “Cruel” anotar o de honra para fechar o placar com derrota por 3 a 1.
– Não acredito, o título estadual caiu no meu colo! – exclamou o incrédulo campeão.
Após cumprimentar o “Cruel” pela brilhante campanha do vice-campeonato e fazer a festa pelo hepta, Roberto traçou uma perspectiva do futuro – o seu e o da modalidade 12 Toques.
– O ano que vem vai ser mais disputado ainda, e eu certamente não serei campeão. Mas vou continuar jogando com o Almeidense master. Quando não conseguir mais ser campeão com esse time, vou mandar fazer um oficial para mim, depois de uns 40 anos de carreira…
